A sociedade brasileira e os conflitos no trânsito
O trânsito nas grandes cidades tem crescido de modo descontrolado nas últimas décadas, fazendo com que o tempo gasto pelas pessoas dentro do carro torne-se, às vezes, insuportável. Uma das piores consequências disso é o aumento da violência provocada por motoristas: são atitudes de desrespeito ora com o pedestre, ora com os outros condutores. Muitas vezes, o carro é usado como arma nessa luta urbana em que se transformou a difícil convivência entre estressados. São inúmeras as campanhas para incentivar a direção segura, mas, mesmo assim, casos impressionantes de violência no trânsito, incluindo muitas mortes, continuam sendo divulgados pela mídia, todos os dias. Diante dessa realidade, o que pode ser feito para lidar eficientemente com esse problema? Observe os textos da coletânea e elabore uma dissertação argumentativa sobre o tema, respondendo a questão: É possível reduzir o nível de violência no trânsito brasileiro?
ELABORE um texto
dissertativo-argumentativo considerando as ideias a seguir:
Indenizando os
sobreviventes
As indenizações por acidentes de trânsito no Brasil já passaram de R$ 1 bilhão
neste ano. Desde 2003, a quantidade aumentou 133%. O total de indenizações
pagas pelo seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de
Via Terrestre) para vítimas de acidentes de trânsito no Brasil aumentou 36,4% no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano
passado. São Paulo foi o Estado com o maior número de pagamentos por morte -
4.841, ou 19% do total do País. Minas, com 10%, Rio e Paraná, ambos com 7%,
aparecem na sequência. Os dados foram divulgados ontem no Rio pela Seguradora
Líder, administradora do DPVAT. Entre janeiro e junho, foram feitos 165.111 pagamentos (R$ 1,127 bilhão). "Infelizmente, o seguro é um reflexo de uma situação que verificamos no País. Os índices de acidentes são alarmantes, seja
em feriados ou no dia a dia", disse o diretor da seguradora, Ricardo
Xavier.
Motorista bate
Porsche e mata mulher
O
motorista do carro Porsche envolvido em um acidente que matou uma pessoa na
manhã deste sábado responderá por homicídio doloso --quando há intenção de
matar--, segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública). O acidente aconteceu
no cruzamento das ruas Tabapuã e Bandeira Paulista, no Itaim Bibi (zona oeste
de SP), por volta das 2h30, e provocou a morte de Carolina Menezes Cintra
Santos, de 28 anos.
Tiros em Botucatu
São Paulo - O motorista Jonas Braga de Albuquerque, de 44 anos, acusado de matar a tiros Adriano Antonio dos Santos, de 28, durante uma briga de trânsito
em Botucatu (SP), se apresentou à polícia na manhã de hoje. O homem prestou depoimento e foi liberado. Por ter se apresentado espontaneamente, ele responderá ao processo em liberdade. Jonas deve ser indiciado por homicídio
doloso - quando há intenção de matar - e a pena pode chegar a 30 anos. De
acordo com a Polícia Civil, o carro de Adriano perdeu o freio e bateu no veículo dirigido por Jonas, no último domingo, 14. Jonas saiu do carro e
começou a discutir com o outro motorista. Um irmão de Adriano chegou e os dois
passaram a bater em Jonas. Ferido pelo acidente e as agressões, Jonas foi até
sua casa, nas proximidades, pegou um revólver e deu um tiro em Adriano.
Violência no Trânsito
Para Júlio César Fontana Rosa, psiquiatra especializado em comportamento de trânsito da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), o risco de
se envolver num ato de violência é potencializado quando o veículo se torna um
meio para que a pessoa libere sua agressividade e assim facilite a provocação
do outro.
A
belicosidade pode começar com uma simples troca de olhares, seguindo para cara
feia, gestos obscenos, palavrões, chegando à agressão. “O motorista, muitas
vezes, não sabe o que vai causar ali, como um dano ao carro ou à pessoa, mas
ela precisa se afirmar. Depois vem o arrependimento. Ou não.”
Pedir
desculpas ao realizar uma manobra arriscada sem a intenção de agredir outro
motorista pode evitar muitas discussões no trânsito. “Quem está estressado não
vai se sentir desafiado se o outro demonstrar arrependimento. Normalmente, esse
indivíduo que está agressivo é adorável, calmo. Totalmente irreconhecível em
uma briga no trânsito”, afirma Júlio César.
(...)
Para
Raquel Almqvist, diretora do Departamento de Psicologia de Trânsito da Abramet,
a combinação de horas ao volante com problemas do dia-a-dia também causa um
desgaste muito grande ao motorista. “Os sintomas físicos são tensão muscular,
mãos suadas, taquicardia e respiração alterada, porque há uma descarga de
adrenalina.”
Se
quase sempre é difícil fazer uma autoavaliação, é impossível adivinhar o estado
de espírito do motorista ao lado. Assim, uma atitude preventiva – e, por que
não, defensiva – é a melhor maneira de não se envolver em situações de
violência. O psiquiatra forense Everardo Furtado de Oliveira afirma que é
possível prevenir uma briga, evitando, por exemplo, contato de olhos com o
condutor agressivo, não fazer ou revidar gestos obscenos, não ficar na cola de
ninguém e não bloquear a mão esquerda, por exemplo. Medalhista olímpico em
1992, o judoca Rogério Sampaio não pensa muito diferente: “Respire fundo, tenha
consciência de que não vale a pena brigar e, principalmente, pense em sua família”.
(...)
Não
há estatísticas para agressões no trânsito no Brasil, nem punição específica no
Código de Trânsito Brasileiro (CTB). “O crime que ocorre no trânsito é julgado
pelo Código Penal. Já o crime de trânsito é analisado por meio do CTB. Esta
realidade não é diferente nos outros países”, diz Ciro Vidal, presidente da
Comissão de Assuntos e Estudos sobre o Direito de Trânsito da OAB de São Paulo
e ex-diretor do Detran-SP. Na opinião do advogado, os envolvidos em agressões
de trânsito deveriam ser submetidos a avaliações psicológicas para, caso exista
necessidade, realizar tratamento e ter a habilitação suspensa.
O
trânsito é um ambiente de interação social como qualquer outro. “O carro é um
ambiente particular, mas é preciso seguir regras, treinar o autocontrole e
planejar os deslocamentos. É um local em que é preciso agir com civilidade e
consciência”, diz a hoje doutora em trânsito Cláudia Monteiro.
Ao
contrário do que pode parecer à primeira vista, o carro não é o escudo protetor
que se supõe. Exercitar a paciência e o autocontrole não faz parte do currículo
das autoescolas, mas são práticas cada vez mais necessárias à sobrevivência no
trânsito.
Observações
- Seu texto deve ser escritos na norma culta da língua portuguesa;
- Deve ser dissertativo-argumentativo;
- Não deve estar redigido sob a forma de poema (versos) ou narração;
- Sua redação deve ter no mínimo 15 e no máximo 30 linhas escritas;
- Não deixe de dar um título.
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