quarta-feira, 22 de agosto de 2012

PREPARANDO-SE PARA O ENEM - PROPOSTA DE REDAÇÃO NÚMERO 2


A sociedade brasileira e os conflitos no trânsito

O trânsito nas grandes cidades tem crescido de modo descontrolado nas últimas décadas, fazendo com que o tempo gasto pelas pessoas dentro do carro torne-se, às vezes, insuportável. Uma das piores consequências disso é o aumento da violência provocada por motoristas: são atitudes de desrespeito ora com o pedestre, ora com os outros condutores. Muitas vezes, o carro é usado como arma nessa luta urbana em que se transformou a difícil convivência entre estressados. São inúmeras as campanhas para incentivar a direção segura, mas, mesmo assim, casos impressionantes de violência no trânsito, incluindo muitas mortes, continuam sendo divulgados pela mídia, todos os dias. Diante dessa realidade, o que pode ser feito para lidar eficientemente com esse problema? Observe os textos da coletânea e elabore uma dissertação argumentativa sobre o tema, respondendo a questão: É possível reduzir o nível de violência no trânsito brasileiro?

ELABORE um texto dissertativo-argumentativo considerando as ideias a seguir:
Indenizando os sobreviventes
As  indenizações por  acidentes de trânsito no  Brasil  já  passaram  de R$ 1 bilhão neste  ano.  Desde  2003, a quantidade aumentou 133%. O total de indenizações pagas pelo seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre) para vítimas de acidentes  de  trânsito  no  Brasil  aumentou  36,4%  no primeiro semestre  deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. São Paulo foi  o  Estado com o maior número de pagamentos  por  morte - 4.841,  ou 19% do  total  do  País.  Minas,  com 10%,  Rio  e Paraná, ambos com 7%, aparecem na sequência. Os dados foram  divulgados ontem  no  Rio  pela  Seguradora Líder, administradora do  DPVAT. Entre  janeiro  e  junho,  foram  feitos  165.111  pagamentos (R$ 1,127 bilhão). "Infelizmente, o seguro é um reflexo  de  uma  situação  que  verificamos  no  País. Os índices de acidentes são alarmantes, seja em feriados ou no dia a dia", disse o diretor da seguradora, Ricardo Xavier.

[O Estado de S. Paulo, 28 de julho de 2011]

Motorista bate Porsche e mata mulher
O motorista do carro Porsche envolvido em um acidente que matou uma pessoa na manhã deste sábado responderá por homicídio doloso --quando há intenção de matar--, segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública). O acidente aconteceu no cruzamento das ruas Tabapuã e Bandeira Paulista, no Itaim Bibi (zona oeste de SP), por volta das 2h30, e provocou a morte de Carolina Menezes Cintra Santos, de 28 anos.
[Folha.com, 9 de julho de 2011]

Tiros em Botucatu
São Paulo - O motorista Jonas Braga de Albuquerque, de 44 anos, acusado  de  matar a tiros  Adriano Antonio dos Santos, de 28, durante uma briga de trânsito em Botucatu (SP), se apresentou à polícia na manhã de hoje. O homem prestou  depoimento e  foi  liberado. Por ter  se  apresentado  espontaneamente,  ele  responderá ao processo em liberdade. Jonas deve ser indiciado por homicídio doloso - quando há intenção de matar - e a pena pode chegar a 30 anos. De acordo com a Polícia  Civil, o carro  de  Adriano  perdeu o  freio  e  bateu  no veículo dirigido por Jonas, no último domingo, 14. Jonas saiu do carro e começou a discutir com o outro motorista. Um irmão de Adriano chegou e os dois passaram a bater em Jonas. Ferido pelo acidente e as agressões, Jonas foi até sua casa, nas proximidades, pegou um revólver e deu um tiro em Adriano.

[UOL Notícias, 16 de agosto de 2011]

Violência no Trânsito
Para  Júlio  César  Fontana  Rosa,  psiquiatra  especializado  em  comportamento  de  trânsito  da   Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), o risco de se envolver num ato de violência é potencializado quando o veículo se torna um meio para que a pessoa libere sua agressividade e assim facilite a provocação do outro.

A belicosidade pode começar com uma simples troca de olhares, seguindo para cara feia, gestos obscenos, palavrões, chegando à agressão. “O motorista, muitas vezes, não sabe o que vai causar ali, como um dano ao carro ou à pessoa, mas ela precisa se afirmar. Depois vem o arrependimento. Ou não.”
Pedir desculpas ao realizar uma manobra arriscada sem a intenção de agredir outro motorista pode evitar muitas discussões no trânsito. “Quem está estressado não vai se sentir desafiado se o outro demonstrar arrependimento. Normalmente, esse indivíduo que está agressivo é adorável, calmo. Totalmente irreconhecível em uma briga no trânsito”, afirma Júlio César.
(...)
Para Raquel Almqvist, diretora do Departamento de Psicologia de Trânsito da Abramet, a combinação de horas ao volante com problemas do dia-a-dia também causa um desgaste muito grande ao motorista. “Os sintomas físicos são tensão muscular, mãos suadas, taquicardia e respiração alterada, porque há uma descarga de adrenalina.”
Se quase sempre é difícil fazer uma autoavaliação, é impossível adivinhar o estado de espírito do motorista ao lado. Assim, uma atitude preventiva – e, por que não, defensiva – é a melhor maneira de não se envolver em situações de violência. O psiquiatra forense Everardo Furtado de Oliveira afirma que é possível prevenir uma briga, evitando, por exemplo, contato de olhos com o condutor agressivo, não fazer ou revidar gestos obscenos, não ficar na cola de ninguém e não bloquear a mão esquerda, por exemplo. Medalhista olímpico em 1992, o judoca Rogério Sampaio não pensa muito diferente: “Respire fundo, tenha consciência de que não vale a pena brigar e, principalmente, pense em sua família”.
(...)
Não há estatísticas para agressões no trânsito no Brasil, nem punição específica no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). “O crime que ocorre no trânsito é julgado pelo Código Penal. Já o crime de trânsito é analisado por meio do CTB. Esta realidade não é diferente nos outros países”, diz Ciro Vidal, presidente da Comissão de Assuntos e Estudos sobre o Direito de Trânsito da OAB de São Paulo e ex-diretor do Detran-SP. Na opinião do advogado, os envolvidos em agressões de trânsito deveriam ser submetidos a avaliações psicológicas para, caso exista necessidade, realizar tratamento e ter a habilitação suspensa.
O trânsito é um ambiente de interação social como qualquer outro. “O carro é um ambiente particular, mas é preciso seguir regras, treinar o autocontrole e planejar os deslocamentos. É um local em que é preciso agir com civilidade e consciência”, diz a hoje doutora em trânsito Cláudia Monteiro.
Ao contrário do que pode parecer à primeira vista, o carro não é o escudo protetor que se supõe. Exercitar a paciência e o autocontrole não faz parte do currículo das autoescolas, mas são práticas cada vez mais necessárias à sobrevivência no trânsito.

[Revista Quatro Rodas, julho de 2008, in Abptran]

Observações

  • Seu texto deve ser escritos na norma culta da língua portuguesa;
  • Deve ser dissertativo-argumentativo;
  • Não deve estar redigido sob a forma de poema (versos) ou narração;
  • Sua redação deve ter no mínimo 15 e no máximo 30 linhas escritas;
  • Não deixe de dar um título.

Proposta adaptada de  http://vestibular.uol.com.br/ 


ATENÇÃO! Data para apresentação do texto, no caderno: 30 (quinta-feira) ou 31 (sexta-feira) de agosto, conforme o horário de cada turma.


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