terça-feira, 15 de novembro de 2011

Catar feijão e ser feliz

Entre tantas tarefas repetitivas do dia-a-dia de uma dona-de-casa, catar feijão é, sem dúvida, a mais repetitiva de todas. Ontem, após um dia cansativo de trabalho na escola, pus-me a realizar tal tarefa. E isso inspirou-me a refletir sobre a FELICIDADE. 
Já eram 9 horas da noite. Os olhos insistiam em se amiudarem, um peso no corpo, na alma... Misturados, grãos perfeitos e imperfeitos, aos quais começava a me dedicar, na ânsia de separá-los, um a um, colocando-os em lados opostos. A cada grão imprestável correspondiam muitos perfeitos, talvez uns cem ou mais. Estes, eram colocados em um escorredor de plástico, enquanto aqueles eram amontoados em um canto da mesa para, posteriormente, serem jogados fora. Uma ou outra vez, a visão turva comprometia a eficiência do trabalho, e alguns grãos ruins acabavam se misturando aos bons. Nada que uma segunda conferida não pudesse corrigir. Nada que pudesse me tirar a paz de espírito. Veio-me, alegrando sobremaneira aquele fim de noite, a constatação: SOU FELIZ CATANDO FEIJÃO! 
Sim, mesmo na realização das tarefas corriqueiras, repetitivas e desgastantes do dia-a-dia, sou feliz, pois ela, a tão almejada FELICIDADE, é feita do fluxo contínuo da vida que se manifesta em pequenas coisas. Ser feliz é questão de opção. É varrer a casa cantando, dançando com a vassoura, mesmo com uma tremenda dor nas costas. É saborear o almoço simples, feito com carinho por alguém que você tanto ama. É participar   da Missa dominical com a família e sentir a presença de Deus, ainda que você tenha muitas incertezas na alma. É não se entregar jamais. É tanta coisa e, ao mesmo tempo, não é nada. É não deixar para depois. É catar o feijão quantas vezes isso se fizer necessário, sem reclamações, sem maldizer  tarefa aparentemente tão insignificante.
É se encontrar e encontrar no outro o sentido de tudo, vislumbrando um horizonte de felicidade que se delineia ao nosso lado e  que pode ser alcançado num piscar de olhos...

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