domingo, 18 de setembro de 2011

Você tem medo de quê?

Hoje estou um tanto quanto "filosófica". E ando pensando numa questão que atormenta muitas pessoas: o medo da morte. Apesar de ser a certeza da vida, a morte assusta por ser algo desconhecido, por ser a confirmação da nossa incapacidade humana diante de uma situação irreversível. No entanto, mais que o medo do incognoscível, percebo que há pessoas com medo da vida. Com medo de ousar. Com medo de si mesmas. Com temor exacerbado de tudo que possa romper com sua rotina monótona, exageradamente apegada às migalhas, sem força alguma para lutar. São criaturas frágeis, adeptas da filosofia do "antes pingar do que secar", bem típica de um modelo de governar que nos mantém controlados e submissos. 
Ainda há pouco, em conversa com uma amiga, também professora, falei-lhe das dificuldades de organização que nossa categoria tem, exatamente porque, mais do que da morte, andamos com medo da vida. Diante do primeiro obstáculo, sem querer transpô-lo e vislumbrar um novo horizonte, voltamos ao ponto de partida, ou ficamos estagnados, inertes, esperando que outros façam por nós aquilo que nós deveríamos fazer juntos. 
A frase "pensem bem o que vocês vão fazer, para depois não voltarem com o rabinho entre as pernas", dita por uma colega de profissão aos companheiros grevistas é, no mínimo, revoltante. Ninguém volta de uma greve "com o rabinho entre as pernas", mas com a certeza do dever cumprido. Ninguém volta de uma greve derrotado, mas pós-graduado em CIDADANIA e LUTA CONTRA A OPRESSÃO. Mas já adianto: este ainda não é o momento de voltarmos, embora as notícias na mídia paga queiram nos convencer do contrário. 
Ando me sentindo tão bem comigo mesma! Gostaria tanto de estar entre os companheiros acorrentados na Praça Sete, entre os que se reuniram na Praça da Liberdade e protestaram, mesmo diante da truculência da Polícia... Desde que nossa Escola aderiu à greve, não perco nenhuma assembleia em BH. De lá, trazemos informações que, muitas vezes, são filtradas pela imprensa "vendida". Àqueles companheiros que ficam, chega apenas a versão do Governo que, bem sabemos, é mentirosa, tendenciosa e hipócrita.
Tenho uma família que amo, uma profissão que escolhi e um desejo enorme de transformar o "status quo", ainda que tenha um preço a pagar.
Não, não tenho medo da vida. Meus companheiros de luta não têm medo da vida. E você, que vacila, fica aí parado, ou "torce" contra? Tem medo de quê?

Um comentário:

  1. Olá Graça, sempre que leio algo seu , sinto-me altamente inspirada. Mas hoje, colega,você se superou.Chorei ao ler seu texto, pois o que me entristece mais neste momento é ver realmente que existem pessoas que têm medo da vida, da luta, que acham mais fácil se conformar com a máxima:"antes pingar do que secar",que pensam ser vergonhoso ir para rua e lutar. Sinto pena e penso que à noite o sono delas é altamente povoado por pesadelos.O meu, ao contrário, é tranquilo, calmo e sempre renovador. Parabéns pelas belas palavras e força na luta.

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