quinta-feira, 29 de setembro de 2011

ALMG abre negociação com professores


A definição dos pontos a serem negociados pelo Governo do Estado com os professores, que permaneceram em greve por 112 dias, começou a se delinear nesta quinta-feira (29/9/11). Em reunião na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, com a presença do presidente da Casa, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), foi formalizada a comissão de parlamentares e do sindicato da categoria que irá dialogar com o governo. A primeira ação será o encaminhamento de uma pauta de reivindicações em reunião agendada para a próxima segunda-feira (3/10), às 15 horas, na ALMG.
O principal ponto a ser encaminhado ao governo será o reescalonamento da carreira dos professores e outras carreiras do magistério, segundo o coordenador recém-escolhido da comissão, deputado Antônio Júlio (PMDB). Ele informou ainda sobre outros pontos, como a discussão e alterações no Projeto de Lei (PL) 2.355/11, que trata do vencimento e carreira do magistério; o pagamento dos dias parados e o calendário de reposição das aulas. Na avaliação de Antônio Júlio, já expressa ao governador Antonio Anastasia, segundo ele, a questão dos professores mineiros "não é mais um assunto de governo, mas de Estado".
O deputado Dinis Pinheiro destacou que a reunião foi um momento histórico e de patriotismo e "que o clima de desprendimento de todos vai levar a um desfecho que encontre a convergência entre todos os interesses". O presidente desejou equilíbrio para a comissão na busca da conciliação.
A comissão é formada ainda pelos deputados Rogério Correia e Pompílio Canavez, ambos do PT, Adalclever Lopes (PMDB), João Leite (PSDB), Duarte Bechir (PMN), Cássio Soares (PRTB) e Sebastião Costa (PPS). Pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE), fazem parte a coordenadora-geral, Beatriz Cerqueira, além de Feliciana Saldanha, Marilda Araújo e Lecioni Pereira Pinto.
A reunião contou ainda com a presença do líder do governo na ALMG, deputado Luiz Humberto Carneiro (PSDB), que recebeu o documento do sindicato e passou a negociação para a comissão, "como forma de manter a liberdade dos trabalhos e de mostrar que a comissão será completamente independente em suas decisões". Também esteve presente o deputado Ivair Nogueira (PMDB), que representou seu colega de partido, Adalclever Lopes.
Segundo a coordenadora do Sind-UTE, Beatriz Cerqueira, há pontos que se destacam na negociação, como o pagamento do piso em toda a carreira, o pagamento dos dias parados e a anulação das punições, como demissão de designados e de ocupantes de cargos comissionados, entre eles diretores e vice-diretores de escolas. Segundo ela, "não é possível ser punido por exercer um direito constitucional, que é a greve".
PL 2.355/11 - O projeto estabelece que o vencimento básico dos servidores da educação não poderá ser inferior ao piso salarial nacional da categoria. Para uma jornada de trabalho de 24 horas semanais, esse valor mínimo é de R$ 712,78, para professores com nível médio de ensino. O projeto mantém dois sistemas de remuneração para os servidores: por vencimento básico, que tem assegurado o pagamento do piso conforme determinou o Supremo Tribunal Federal, e por subsídio, no qual o servidor abre mão de quinquênios e gratificações.
Para aqueles que optarem pela remuneração por subsídio, é garantido reajuste salarial de 5%. O PL 2.355 também garante a esses servidores reposicionamento na carreira conforme o tempo de serviço. Esse novo posicionamento considerará não apenas o vencimento do servidor, mas também o tempo de efetivo exercício no cargo, e será feito de forma escalonada, de 2012 a 2015.
A crítica do SindUTE, entre outros pontos, é de que o projeto acaba com a carreira, ao eliminar a tabela com seus seis níveis e letras. Segundo Antônio Júlio, o projeto agora poderá ser discutido pelos deputados, com a possibilidade de apresentação de emendas ou substitutivos.

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A greve acabou... O desejo de mudanças continua...

Não farei aqui um relato dos últimos acontecimentos. Sei que já estão informados, que já viram o filme em reprise: A luta de Davi contra Golias. Não precisa dizer quem assume qual papel. É evidente. Mas cada vez mais estou disposta a ousar, a não aceitar. Se sou Davi, um dia ainda derrotarei Golias. Se nos consideravam o lado fraco da situação, reconheceram que incomodamos, que somos fortes. Pena que não basta isso para vencermos! 

Minha decepção: Ver as mentiras ditas mil vezes se tornarem verdades.
Minha indignação: Saber que as Leis só existem para os pobres.
Meu desejo: Ver os sonhos se tornarem realidade.
Minha esperança: Fazer os PODEROSOS compreenderem a transitoriedade da vida e que, além dela, existe um Deus que nos espera...

Optei por continuar, mas foi preciso recuar.
De volta às trincheiras, soldados de LUZ, batalhadores numa luta desigual! Ousamos desafiar, ousamos enfrentar... Por isso, contraditoriamente, estou feliz. Tenhamos consciência do que somos e de que forma contribuímos para o nosso sucesso ou  fracasso. 

Vergonha teria... Se não houvesse lutado!!!

Aguardemos as negociações, não confiemos na mídia que se vende, na justiça que se corrompe e no Poder que cega.

Por fim, minha homenagem às guerreiras da Escola Estadual "Gentil Pereira Lima", na greve desde o dia 13 de junho. Vocês são dignas de minha admiração!!!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A serviço do desgoverno

Quando é para falar, se calam. Quando a verdade não é favorável aos planos do Governo, são omissos. Enquanto há companheiros em greve de fome, banqueteiam-se em festinhas financiadas com o dinheiro público. Se a notícia é para oprimir, tem destaque. Se é para encorajar a luta, não tem vez.
Fiquei chocada com tamanha falta de critério da mídia que se vende. Ontem, mais uma vez, a imprensa mineira mostrou a que veio e o que realmente é : porta-voz do Desgoverno que não dialoga e e é insensível, tal qual um invenção robótica das mais modernas, destituída dos sentimentos básicos que nos fazem SERES HUMANOS. 
Por quê digo tudo isso? É que estou indignada com os últimos acontecimentos amplamente divulgados pela mídia: o "aval" da ministra Carmem Lúcia à decisão do Desembargador Roney de Oliveira e a abertura de sindicância contra os designados em greve, que poderão ser demitidos.
Ontem comecei a redigir esse texto, mas não consegui terminar. Fiquei paralisada, estupefata diante da parcialidade e do descaso. Mas ao acordar hoje, já me preparando para ir a mais uma das nossas assembleias, juntamente com muitos outros colegas que não fogem à luta jamais, adquiri novo ânimo. É assim: a cada golpe, nova vida, novo fôlego, mais indignação.
E tenho que me redimir. Não posso generalizar: há ainda aqueles que tentam divulgar a verdadeira face da situação, embora às vezes fiquem meio reticentes. É o caso do jornal O Tempo e da TV Record, que vêm dando destaque à nossa greve e aos últimos acontecimentos na ALMG, embora eu ainda sinta a falta de uma postura clara a favor da VERDADE. Ora fazem o discurso do governo, ora o da categoria em greve. 
A vitória depende da nossa capacidade de perseverar, de lutar, de chamar a atenção, de denunciar as injustiças, sem temer, sem titubear. Agora há pouco, peguei a Bíblia e, aleatoriamente, a abri no Salmo 45. Li e fiquei revigorada, certa de que Deus está conosco, não nos abandona jamais!

O amparo da proteção divina (SALMO 45)

Deus é nosso refúgio e nossa força;
mostrou-se nosso amparo nas tribulações.
Por isso a terra pode tremer, nada tememos:
as próprias montanhas podem se afundar nos mares.
Ainda que as águas tumultuem e estuem
e venham abalar os montes,
está conosco o Senhor dos exércitos,
nosso protetor é o Deus de Jacó.
Os braços de um rio alegram a cidade de Deus,
o santuário do Altíssimo.
Deus está no seu centro, ela é inabalável;
desde o amanhecer, já Deus lhe vem em socorro.
Agitaram-se as nações, vacilaram os reinos;
apenas ressoou sua voz, tremeu a terra.
Está conosco o Senhor dos exércitos,
nosso protetor é o Deus de Jacó

Vinde admirar as obras do Senhor,
os prodígios que ele fez sobre a terra.
Reprimiu as guerras em toda a extensão da terra;
partiu os arcos, quebrou as lanças, queimou os escudos.
"Parai, disse ele, e reconhecei que sou Deus;
que domino sobre as nações e sobre toda a terra."
Está conosco o Senhor dos exércitos,
nosso protetor é o Deus de Jacó.

P.S.: Para ler as últimas notícias, acesse os links abaixo. É bom conferir também o Blog da Beatriz, do Euler e da Cris, cujo acesso pode ser feito clicando nos ícones à direita nesta página. Agora, se você tem estômago para ler as notícias na versão Anastasia, então acesse o G1 (Globo), o Portal Uai (Estado de Minas), o site da SEE...

Tenham todos um excelente dia!!!


domingo, 25 de setembro de 2011

Vencimento básico de um professor: R$712,20. Ajuda para tratamento de dependente químico: R$900,00


Governador Anastasia institui cartão para ajudar no tratamento de usuários de droga

Omar Freire/Imprensa MG
Governador Antonio Anastasia instiuiu o Cartão Aliança pela Vida
Governador Antonio Anastasia instiuiu o Cartão Aliança pela Vida













BELO HORIZONTE (23/09/11) - O governadorAntonio Anastasia assinou decreto, publicado na edição desta sexta-feira (23), do Minas Gerais,  instituindo o “Cartão Aliança pela Vida”, iniciativa inédita do Governo de Minas para intensificar a luta contra as drogas no Estado. Por meio do cartão, será concedido auxílio financeiro mensal no valor de R$ 900 para ajudar famílias, cuja renda familiar mensal seja de até dois salários mínimos, a custear o tratamento de parentes com problemas de dependência química.
A partir da publicação do decreto no “Minas Gerais”, órgão oficial do Governo do Estado, será feito o credenciamento das clínicas de tratamento que participarão do programa. Segundo o governador, caberá à família escolher a instituição onde o usuário de drogas será cuidado. Ele disse também que a luta contra as drogas é de responsabilidade de toda a sociedade.
“A família receberá um crédito, como um cartão de crédito. Serão R$ 900 por mês, sendo que R$ 800 deverão ser para a família pagar a clínica ou a comunidade terapêutica da sua escolha e os outros R$ 100 serão destinados à despesa para visitar o seu parente que esteja internado. Mas para avançarmos, é fundamental a participação das famílias, da sociedade, das empresas, das instituições nessa luta tão importante a favor da vida e contra as drogas”, afirmou o governador.
Benefício
Projeto piloto atenderá mil famílias dos municípios de Teófilo Otoni (Vale do Mucuri) e de Juiz de Fora (Zona da Mata). A partir do ano que vem, o projeto será ampliado para outras cidades mineiras. O benefício será concedido enquanto durar o tratamento por até nove meses e poderá ser prorrogável por até dois anos.
Para ter acesso ao cartão, a família beneficiária deverá apresentar, a unidades indicadas pela prefeitura, relatório de médico psiquiatra do sistema público de saúde que ateste a dependência química e recomende a internação como medida de tratamento adequada. A unidade municipal avaliará as condições socioeconômicas do núcleo familiar solicitante e, juntamente com o atestado médico, emitirá relatório recomendando ou não a inclusão no programa. 
Parceria
A distribuição do cartão é uma das ações do programa Aliança pela Vida, lançado em agosto deste ano, a partir de uma parceria do governo mineiro com entidades da sociedade civil para fortalecer as medidas de enfrentamento aos problemas relacionados ao consumo e abuso de álcool e outras drogas, sobretudo o crack.
“Ficamos muito satisfeitos com esse programa que é pioneiro no Brasil. Nós precisamos cada vez mais nos conscientizarmos que a questão da droga é um grande mal do século XXI. Nós temos que estreitar os  nossos esforços – o governo federal, os estados, os municípios e, em especial, a sociedade - para que, de fato, nós tenhamos condição de reverter essa grande mazela da nossa sociedade moderna”, disse Anastasia.
O programa Aliança pela Vida é resultado da determinação do governador em aplicar até 1% do orçamento de órgãos e secretarias do Estado que desenvolvem programas sociais a projetos de prevenção e combate às drogas. Os investimentos previstos ao longo de 2011 somam R$ 70 milhões.
Governador é agraciado com medalha
O governador Antonio Anastasia recebeu, nesta sexta-feira (23), na sede da Procuradoria-Geral de Justiça de Minas Gerais, a Medalha do Mérito do Ministério Público de Minas Gerais Promotor de Justiça Francisco José Lins do Rego Santos, na categoria Grande Colar. A honraria homenageia personalidades que contribuem para o fortalecimento da Instituição e para o progresso da democracia brasileira. A solenidade fez parte do encerramento da Semana do Ministério Público.

A Anastasilândia é mesmo o Estado das Maravilhas (kkkkk)

Enquanto os professores fazem vigília, o governador recebe honraria...


Último dia da Semana do MP 2011 termina com entrega de medalhas a cinco homenageados

Foram agraciados um representante do Banco Mundial e uma da Pastoral do Povo de Rua, um desembargador, uma integrante do CNMP e o governador de MG

Na manhã de hoje (23/9), quinto e último dia da Semana do Ministério Público 2011, cinco pessoas foram homenageadas pela Instituição com a Medalha do Mérito do Ministério Público Promotor de Justiça Francisco José Lins do Rego Santos. A entrega da honraria ocorre todo ano como forma de homenagear personalidades que contribuem para fortalecer a Instituição e a democracia brasileira.  


Os agraciados de 2011 foram a irmã Cristina Bove, coordenadora da Pastoral Nacional do Povo de Rua; a juíza federal Taís Ferraz, integrante do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP); o conselheiro-chefe de salvaguardas ambientais e sociais do Banco Mundial, Alberto Ninio; o desembargador aposentado Joaquim Alves de Andrade, voluntário na Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac). Já o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, recebeu o Grande Colar do Ministério Público, maior honraria que a Instituição concede a alguém.

O procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Alceu José Torres Marques, iniciou a solenidade falando sobre a cultura da paz e o combate ao crime, que foi o tema escolhido para a Semana do Ministério Público 2011. Sobre o assunto, Marques disse que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) está aperfeiçoando e modernizando sua estrutura para combater a criminalidade. "Quando falamos de combate à criminalidade, estamos também falando de combate à corrupção, à lavagem de dinheiro e aos criminosos profissionais e organizados", afirmou.

Em seguida, o procurador-geral de Justiça falou sobre cada um dos homenageados. Sobre a irmã Cristina Bove, Marques afirmou que ela exerce um trabalho árduo e gratificante de inclusão social. A respeito de Joaquim Herculano, que serviu 20 anos ao MPMG, Marques disse que o desembargador, mesmo aposentado, ainda continua dando sua contribuição à sociedade ao atuar voluntariamente para expandir as Apacs. Em relação ao representante do Banco Mundial, Alceu disse que Alberto Ninio vem atuando para elevar o MPMG a um novo patamar de administração. Sobre a juíza e integrante do CNMP, Taís Ferraz, o procurador-geral de Justiça falou que ela soube aprender a essência da atuação do Ministério Público.

Em outra parte do discurso, Marques ressaltou o prestígio que o Ministério Público vem adquirindo com o passar do tempo. Para que Instituição possa evoluir mais ainda, o procurador-geral disse que o Ministério Público precisa continuar ampliando suas condições estruturais e intelectuais.

Em nome dos homenageados, falou o representante do Banco Mundial, Alberto Ninio. Segundo ele, o Ministério Público possui uma história de bravura na busca por equilibrar liberdades individuais e proteção ao bem coletivo. "Sob o manto de fiscal da lei, o Ministério Público tranquiliza a sociedade através de uma atuação valente e inquestionável, para que o Estado Democrático de Direito possa prevalecer em todos os momentos", disse.

Alberto Ninio também comentou a parceria inovadora firmada há quase dois anos entre o Banco Mundial e o MPMG, cujo objetivo é fortalecer e modernizar a atuação do Ministério Público na defesa do meio ambiente. Antes de finalizar seu discurso, Ninio disse que 
o Banco Mundial deu a ele a responsabilidade de convidar o MPMG para integrar o Fórum Global de Direito, Justiça e Desenvolvimento, a ser inaugurado em novembro. Segundo Ninio, o fórum pretende congregar entidades que possam auxiliar a identificação e a geração de soluções legais inovadoras frente aos desafios do desenvolvimento global.

Em seguida falou o governador de Minas, Antonio Anastasia. Em seu discurso, ele lembrou o promotor de Justiça Francisco Lins, que dá nome à medalha e que foi morto enquanto desempenhava suas funções. Para o governador, Lins foi um exemplo de devoção ao serviço público. Anastasia também falou sobre as qualidades dos outros agraciados na cerimônia.

Sobre a medalha
A Medalha do Mérito do Ministério Público foi criada pela Lei Complementar nº 34, de 12 de setembro de 1994, e sua concessão foi regulamentada em 2002. A Câmara de Procuradores de Justiça, por unanimidade, em 2007, alterou a resolução e subdividiu a medalha em três graus: Grande Colar, Medalha de Honra e Comenda.
O promotor de Justiça Francisco Lins do Rego Santos, que deu nome à Medalha, foi assassinado em 2002, no exercício de suas funções e em conseqüência de sua coragem e propósito de denunciar e combater a máfia do combustível no Estado.

Presenças:
Compuseram a mesa o procurador-geral de Justiça, Alceu José Torres Marques; o governador de Minas, Antonio Anastasia; o presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Cláudio Costa; a defensora pública-geral do Estado, Andréa Tonet; o corregedor-geral do MPMG, Márcio Heli de Andrade; o ouvidor do MPMG, Mauro Flávio Brandão; o presidente da associação dos membros do MPMG, Rômulo Ferraz; o vice-governador de Minas, Alberto Pinto Coelho; o secretário de Estado de Governo, Danilo de Castro; o chefe da Polícia Civil de Minas, Jairo Lellis Filho; o coronel Matuzail da Cruz, representando o comandante-geral do Corpo de Bombeiros de Minas, Silvio Antônio Melo.    

Assessoria de Comunicação do Ministério Público de Minas Gerais - Núcleo de Imprensa - Tel.: (31) 3330-8016  23-09-2011 (Medalha do Ministério Público) FL

sábado, 24 de setembro de 2011

Divagações de uma professora grevista

Bem, pessoal, demorei um pouco para atualizar o blog porque estava fazendo  uma faxina em casa, senão estaria grudada na Internet. Meu filho já anda cobrando de mim o tempo que passo em frente ao computador, fazendo pesquisas, buscando informações ou postando no blog. Mas ele acaba entendendo. Agradeço a ele e ao meu marido a compreensão. Sei que ando meio negligente como mãe, esposa e dona-de-casa, mas não consigo, por um momento sequer, esquecer de que estamos em greve. E fico como barata tonta, tentando conciliar um monte de afazeres domésticos com a minha condição de professora em greve: Internet, reuniões, telefonemas para os companheiros, tudo mesclado com uma indignação que vai me corroendo, fazendo-me cada vez mais forte, cada vez mais "inconsequente". Mas não desanimo: faço a faxina cantando, dançando com a vassoura, entre dores nas costas e na alma...
Há alguns dias, uma amiga me falou sobre a intransigência do Governador e relembrou outras greves das quais participamos. Greves mais curtas, outras longas... Mas em nenhuma delas fomos tratados com tanto desprezo pelos Poderes constituídos nestas nossas Minas Gerais. Dispensa de vice-diretores por participarem do movimento? Não me recordo de ter acontecido. Substituições? Ameaçavam, mas nunca cumpriam. Calendário de reposição? Só depois do fim da greve. São tantas arbitrariedades... Chegam a causar repugnância.
O pior de tudo, é que agora estamos querendo, apenas, o cumprimento de uma Lei Federal, que aqui em Minas o Poder Executivo moldou ao seu gosto, jogando no lixo, além da Lei 11.738/2008, nosso Plano de Carreira, a LDB e outras legislações mais. 
Quem lê o site da Secretaria de Educação, pensa que vivemos em mundos paralelos, dadas as maravilhas que ali são divulgadas. Confesso: tenho ódio. Sou chamada de otária a todo momento. Não me calo mais. Não aceito viver como no tempo em que os Poderes não podiam ser questionados, em que os Reis eram vistos como representantes de Deus aqui na Terra e que, ao povo, caberia a subserviência, tendo como garantia de recompensa a vida eterna. Há tanta gente incompetente e oportunista ocupando cargos públicos, pensando primeiro no seu quinhão, sem o mínimo desejo de servir... Há tantos salários estratosféricos para tanta enrolação... E há tantas pessoas submissas e omissas colaborando para que esses se perpetuem no poder... 
Nossa luta é bem mais ampla, não é apenas por aumento salarial. É um pedido de socorro, é a vontade de mostrar ao mundo as mazelas da Educação Pública - a qual defendo com unhas e dentes - , é denunciar as vergonhosas manipulações de dados e pessoas, criando uma visão errônea de que tudo anda bem. E sabemos, não está. Quantos de nós, se quisermos fazer uma avaliação decente para os nossos alunos, não temos que tirar dinheiro do próprio bolso? Quantos ainda temos que dar nossas aulas na velha prática do "cuspe e giz", únicos instrumentos de trabalho que temos? E as turmas, às vezes com quarenta alunos ou mais,  a toda hora desafiando a nossa paciência? E ainda as cobranças, cada vez maiores, por bons resultados: PROALFA, PROEB, PAAE, IDEB, ENEM e o diabo que os carregue? Num Estado onde impera a falsa meritocracia, inventaram até um "Prêmio por produtividade" que nada acrescenta ao nosso salário e é mais uma forma de mostrar "serviço" lá fora, de acirrar uma disputa para ver quem mente mais...
Professor valorizado é o primeiro passo para termos uma Escola Pública de qualidade. Sem isso, tudo mais será em vão. Substituam-nos, descartem-nos. Como Fênix, ressurgiremos das cinzas. E nos tornaremos uma pedra no sapato de quem ainda não entendeu o nosso recado: Antes do PISO, até o PISO, depois do PISO, a vida toda... Somos e (seremos sempre) seres pensantes e agentes das mudanças. 


Revoltante: Pesquisei em vários jornais on-line, só encontrei em "O tempo": http://www.otempo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=130515,NOT&IdCanal=


Professores em vigília na ALMG ficaram sem água e acesso aos banheiros da Casa
Dois professores que há seis dias só bebem água tinham reserva em garrafas, mas foram privados do acesso ao banheiro
24/09/2011 17h26




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ANA CLARA OTONI
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Os professores que fazem vigília na porta da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, devido à greve que completa hoje 109 dias ficaram sem água e acesso aos banheiros externos da ALMG neste sábado (24). Os dois professores fazem greve de fome há seis dias estavam no local e também tiveram transtornos por causa da privação. “A sorte é que tínhamos nossas garrafinhas de água na reserva”, afirmou o técnico em educação Abdon Geraldo Guimarães, de Varginha, no Sul de Minas - que há quase uma semana só bebe água.

O educador contou que só foram avisados formalmente da falta d’água pelos funcionários da ALMG, quando já haviam notado a ausência da distribuição. “Ficamos a manhã inteira sem poder usar os banheiros. É um absurdo não terem avisado a gente que ia faltar água aqui”, indignou-se Abdon. A distribuição só foi normalizada às 15h, segundo o grevista. Guimarães contou que algumas pessoas chegaram a usar os banheiros por não saberem do problema na distribuição. "É complicado, né? A gente não tinha como fazer as nossas necessidades fisiológicas", disse.

Segundo o deputado estadual Rogério Correia (PT) foi feita uma limpeza na caixa d’água da ALMG e, que por isso, a distribuição de água ficou comprometida. “Espero que tenha sido coincidência (a falta d’água durante o período de vigília dos professores), não quero fazer juízo de valor”, afirmou o deputado. Segundo o parlamentar, um médico tem avaliado diariamente os professores que fazem greve de fome.
Pelo twitter, vários usuários comentaram o fato. O usuário @ezequialdias comentou "Água na ALMGfoi cortada ... coitado dos nossos colegas que estão em vigília... Ajude-os!". A internauta @marizapaiva também denunciou a falta de água na Casa Legislativa de Minas. @marizapaiva "Governo corta água na ALMG onde os professores fazem vigília. Greve/108 dias".  O deputado Rogério Correia (PT), também se manifestou na rede social: @rogeriocorreia_ Vou acionar apoio. RT@mcriscostabh "Água na ALMG foi cortada...coitado (sic) dos nossos colegas que estão em vigília...Ajude-os!".

A reportagem tentou fazer contato com a assessoria da ALMG, mas não obteve retorno.
 

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Relatos de vida e de fé - pelo "correspondente" professor Robson Miranda

Em vigília na noite de terça-feira, 20/09/11, sentados no piso frio da “Casa do Povo” de Minas Gerais, observando a movimentação das mais de 300 pessoas que se dispuseram a continuar em luta durante toda a madrugada, tivemos a sensação de estarmos vivendo um momento único. Naquela varanda ampla, munidos apenas de algumas barracas, uns poucos colchonetes, alguns cobertores e de muita coragem, pessoas estavam dispostas a enfrentar o frio, a fome, o cansaço, dispostas a abrir mão de qualquer conforto ou compromisso, a fim de defender uma causa. Quando saímos de casa durante a manhã, jamais esperávamos por isso, mas lá estávamos vivenciando e fazendo história. E história, meus amigos, tem que ter personagens, tem que ter caras, tem que ter sentimentos.  E foi pensando assim que decidimos começar a conversar com os nossos colegas de vigília, munidos apenas de 2 folhas de papel, caneta e uma máquina fotográfica, a fim de tentar registrar um pouco esses personagens que  a faziam, ali naquela noite, naquele local.
Nervosos, sem saber qual ia ser a reação dos outros às muitas perguntas que desejávamos fazer, nos aproximamos de nossa primeira heroína pouco antes de ser servida a primeira remessa da janta, lá pelas 10h30min da noite. O nome dela: Maria Adélia, da cidade de Nepomuceno. Maria, como a autora deste blog, é professora de Português. Na escola dela, apenas 4 professores entraram de greve, mas nem por isso ela está menos confiante de voltar desta greve com o piso. O piso é lei, comentou ela, mais dia, menos dia, a justiça fará valer a Constituição que nos protege. Maria Adélia veio em um grupo de 48 pessoas para a assembleia, seis dos quais ficaram para a vigília, sete contando com o amigo Abdon, em greve de fome desde segunda-feira. Logo se juntaram a ela os companheiros Claudeir e Sílvio, da cidade de Varginha.  Claudeir acabou de ser eleito pela comunidade como vice-diretor de sua escola, possui 2 cargos, e é solteiro: - “É só assim que consigo viver com esse salário de miséria que o governo nos paga, se fosse pagar aluguel, manter filhos na escola, e bancar todas as despesas de um casamento numa cidade como Varginha, com certeza o meu dinheiro não dava”. Claudeir sofreu muita pressão para não fazer greve, e ainda sofre para voltar. Disseram que se fizesse greve ele não poderia assumir a vice-direção e um monte de outras ameaças veladas. Mas ele foi incisivo:-“ Eu estou de greve até a exoneração”. Claudeir é professor de Português, Literatura e quebra galho de Sociologia e Artes, disciplinas das quais reconhece, nada sabe, mas leciona devido ao sucateamento em que está a Educação do Estado. Para completar este NDG, conhecemos Sílvio Oliveira, para nossa grande surpresa, ATB (para quem achava que ATB em greve não existe, aqui está a prova em contrário). Sílvio aderiu à greve porque entende que também é um funcionário importante de suporte a docência, e a carreira é única. – “Se vocês conseguirem o piso, todos nós, ATBs, ASBs, seremos beneficiados.” Perguntamos ainda a nossos heróis como estava a adesão ao movimento naquela região. Eles disseram que a adesão era pouca, mas nem por isso fraca. Segundo eles, o fato de retornamos da greve de 2010 com a proposta de subsídio era a desculpa mais comum para os colegas não fazerem greves. – “Mas sabemos que voltamos naquele momento por que tínhamos que voltar e por isso estamos hoje aqui. Somos poucos, mas juntos somos muitos”. Agradecemos os nossos companheiros e deixamos que eles jantassem, afinal, o rango estava esfriando. Fomos em  busca da nossa próxima personagem.

 Maria Adélia e Claudeir

Robson, Claudeir e Sílvio

Helena é do Barreiro, região metropolitana de BH. Nós a reconhecemos imediatamente pelo vídeo dos “acorrentados”, disponível no Blog do Euler. Helena não nega o nome e é uma figura bonita, tem confiança e clareza para se comunicar, e é muito agradável. Ao seu redor, éramos meio tietes. Helena não nega a raça, é professora efetivada na lei 100, no conteúdo de Filosofia. Ela explicou que na escola em que trabalha, durante a manhã e a noite vigorava a “greve branca” – os professores estavam indo à escola para assinar os pontos, mas sem alunos, estes só iam à tarde, com os professores fingindo que estavam trabalhando. Perguntamos a Helena o que ela achava que havia mudado no movimento com a ação dos acorrentados na Praça da Liberdade. Ela disse que a ação deu visibilidade e foi importante como canal de comunicação com a sociedade. Perguntamos como aquele grupo surgiu e ela esclareceu que se conheceram ali, no pátio da ALMG, durante uma assembleia. Trocaram telefone e se reuniram para visitação e mobilização em escolas de BH. Foi quando a ideia do ato surgiu: - “ Somos todos acorrentados mesmo pela política educacional injusta desse governo”. Daí até o fato em si, foi um estalo.  Dos atos, Helena guarda dois grandes momentos. Primeiro, durante a manifestação na Praça Sete, uma moradora de rua que tinha apenas dois reais foi à pastelaria e comprou três pastéis para os manifestantes dizendo: "Professor é como pai para mim." –“ Nós ficamos emocionados com aquilo”, disse Helena. Em segundo, ela lembra do acorrentamento no dia da inauguração do relógio da Copa: - “A tropa de choque já estava pronta para nos enfrentar, os escudos estavam levantados, todos já estavam em posição, então começamos a cantar o Hino Nacional e eles baixaram os escudos”. Sobre o enfrentamento com a polícia, Helena diz: -“Eu não tenho medo do policial, mas sim daquele que me substitui na escola, este sim é perigoso, pois age tirando proveito da minha luta; o policial só está cumprindo seu papel”. Na foto com Helena, os companheiros Pedro, Max e Alisson, também da grande BH.
Pedro, Helena, Max e Alisson

Deixando a nossa guerreira, aproximamos de mais um grupo, já era quase meia-noite. Gislene é da subsede de Venda Nova, da Grande BH, leciona em uma escola com mais de 21 turmas. A Escola estava parada desde o início, nos três turnos, mas o turno da noite retornou ontem,19/09/11,  e segundo ela, isso a deixava preocupada.  Com Gislene, professora efetivada pela Lei 100 em Língua Portuguesa, encontramos Elzilene, Umbelina, Eurides e Adriano, Professores de Geografia, Educação Física, Matemática e História.  Adriano lembrou que estava cumprindo seu papel ali na assembleia, participando do movimento, enquanto professor de História, e concordou conosco que nem todos professores da área pensam assim: - “Em Venda Nova, os professores de História têm sido os mais difíceis/reacionários para entrar em greve”. Perguntamos se o resultado pouco positivo da greve no ano anterior poderia justificar a atitude deles. Adriano disse que não: - “Voltamos porque não tinha mais jeito; parece que é na faculdade que eles estão aprendendo muito pouca teoria e menos ainda prática de cidadania”.  Agradecemos os depoimentos, nos despedimos e fomos jantar.
Gislene, Elzilene, Umbelina, Eurides,  Adriano e outros companheiros de luta

Depois da janta recebemos a visita no nosso cantinho da Casa do Povo de Sandra Bittencourt. Sandra é de Muriaé e é da diretoria do sindicato. Havíamos nos encontrado diversas vezes naquele dia, uma vez que ela coordenava nosso grupo na vigília. Já tínhamos até um apelido para ela, Dorothy Stang, que ela aceitou com orgulho.  Sandra já foi irmã carmelita, mas largou o hábito, pois conseguia conviver com 2 dos 3 votos que fizera, pobreza e castidade, mas não o de obediência, uma vez que para lidar com a pobreza daqueles para os quais lecionava, muitas vezes tinha de desobedecer às ordens do convento. Sandra nos encantou com histórias da época em que lidou com alunos em escola da Boca do lixo, e mostrou que tem verdadeira vocação para a profissão. Para Sandra, o professor tem que se envolver: -“Não é só sala de aula, tem que falar com a família, tem de fazer a diferença”. Cidadania se ensina mais na prática que na teoria, e o que ela não suporta é hipocrisia, por isso é companheira de longa data do Sind-Ute. Se filiou aos 17 anos de idade, praticamente viu o sindicato crescer. E cresceu com ele.
Depois da visita de Sandra, achamos melhor encerrarmos as nossas conversas daquele dia, pois passava de 1h30min da madrugada. Parte de nossos companheiros já estava dormindo e outra parte estava cantando e conversando na escada. Nos revezamos então para o descanso.
Na quarta-feira, tivemos a oportunidade de fazer mais duas entrevistas, estas não com companheiros, mas com pais de alunos da rede estadual, que visitaram o movimento em apoio à nossa greve.
Paulo Roberto Teixeira, é eletricista, cursou só até o Ensino Médio, e tem dois filhos e esposa matriculados na rede estadual, em escolas que estão em greve desde o início do movimento. Paulo não entendia o motivo do movimento, então fez uma pesquisa e constatou que o salário do professor é o pior salário entre as profissões do país. -“ Eu não entraria em sala de aula por menos de R$1500,00. Só tenho o Ensino médio e tiro mais do que isso mensalmente”. Paulo concorda conosco que não faz muito sentido estudar quando se valoriza tão pouco um profissional com estudo, e é categórico ao declarar: - “Se a população não fizer nada agora, não sei o que será dos meus netos”. Paulo apoia o nosso movimento, já assistiu a três assembleias, desde que soube da realização de uma, divulgada no Orkut da filha, e é da seguinte opinião: -“Vocês devem levar a luta até o fim, se precisar até a exoneração. Queria ver o governo achar gente para substituí-los”. Indagado sobre as substituições que irão ocorrer em todas as escolas, ele disse: - “Eu concordo que seja feita imediatamente uma substituição: do governador. O governo não vai preencher 10% dessas vagas com professor qualificado. Vai é gastar dinheiro público com serviço de qualidade duvidosa. Vai é sucatear mais ainda aquilo que é nosso por direito.”
Aleho, é paraguaio, naturalizado no país há mais de 10 anos. Tem 3 filhas matriculadas em escolas públicas estaduais. Ganha a vida dando aulas particulares de espanhol, e procurou o movimento para entendê-lo, uma vez que a mídia nada esclarece sobre o mesmo. As 3 filhas de Aleho estão matriculadas em escolas diferentes. A filha mais velha está em escola parcialmente paralisada. Quando tem poucas aulas no dia, pede ao pai para ficar em casa; a do meio, em escola completamente paralisada, e ele está preocupado, uma vez que a mesma gosta muito de estudar, e está se sentindo mal sem a escola; a mais nova, está matriculada em escola de 1ª a 4ª, e está tendo aulas normais. “Por causa disso”, Aleho procurou a direção e o colegiado das escolas para tentar entender o movimento, mas ninguém conseguiu explicar, então pegou o metrô, desceu na Praça da Estação e caminhou até a Praça Sete, perguntando a todo transeunte com quem esbarrava _”Onde está acontecendo o movimento dos Professores Estaduais?” – ele contou:-“ Foram necessários 31 transeuntes até que alguém me dissesse que era na Praça da Assembleia”. Aleho está se inteirando dos motivos de nossa greve, mas concorda conosco no seguinte: -“Se o piso é lei, faça valer”.
Aleho e Paulo Roberto, pais de alunos da rede estadual


P.S.: Faltou a foto da Sandra, do Sindu-Ute. Sabe como é que é, né?  Somos repórteres inexperientes... (kkkkk!!!)

"Eu só peço a Deus que a injustiça não me seja indiferente..." (Mercedes Sosa)

Conforme prometi ontem, agora já revigorada do desgaste físico e psicológico a que estamos sujeitos nestes dias de greve  e de vigília, farei um relato sobre os últimos acontecimentos vivenciados por mim e outros colegas do NDG ( Núcleo Duro da Greve) ou, se preferirem, do NODR (Núcleo Osso Duro de Roer).
Para quem apostou, mais uma vez, que nossa assembleia se esvaziaria após os acontecimentos mais recentes, aposta errada! Perdeu! A assembleia, mais uma vez, estava lotada de bravos guerreiros que não fogem à luta jamais. E já adianto aos que sempre dizem que estamos sendo usados, que o movimento é político-partidário, obra da esquerda oposicionista: Não somos massa de manobra, temos cérebro, sabiam?  Eu mesma já critiquei algumas ações do Sindu-Ute, com as quais não concordei, pois sou adepta do ditado: "Pau que dá em Chico dá em Francisco" e também em João, Maria, Pedro e Anastasia....
Divagações à parte, quero ressaltar alguns dos momentos marcantes da assembleia. O primeiro deles foi a entrada dos acorrentados, ao som da música "Eu só peço a Deus", de Mercedes Sosa. Até os mais insensíveis se comoveram. Um filme passou na nossa mente. Pensamos nos dias de luta para estudar, trabalhar, ter e dar um futuro melhor para a família, estendendo todo esse anseio às camadas mais pobres da sociedade. 
Um segundo momento, igualmente marcante,  foi quando o Frei Gilvander nos fez  um convite à oração, destacando o PODER dela sobre as forças do mal, às vezes sutilmente presentes no meio de nós. A firmeza da Beatriz, coordenadora do Sind-Ute, sempre objetiva em suas colocações, às vezes carregadas de um humor perspicaz e refinado, nos passou força e coragem.
Mas com certeza, o ponto de destaque da manifestação foi quando interrompemos a fala da Beatriz por um bom tempo, talvez uns cinco minutos ou mais, gritando em uníssono: "Fora Anastasia, fora ditador" e posteriormente, pulando e gritando: "Pula, sai do chão, quem defende a Educação!"
Como acontece em todas as assembleias, após o repasse das informações, votou-se pela continuidade ou não da greve. Mais  uma vez, quase por unanimidade, optou-se pela continuidade do movimento, pois nossas reivindicações, embasadas por uma LEI FEDERAL, ainda não foram atendidas. Um dos encaminhamentos da agenda foi que as caravanas se reunissem por região e se posicionassem nas saídas da ALMG, impedindo a passagem dos deputados, como forma de pressão para que assumissem um posicionamento claro, apoiando a nossa causa e votando contra o projeto do governo, que destrói a carreira do magistério mineiro. Nós ficamos posicionados em frente ao restaurante, sempre muito animados, apesar de sentados no chão ( o único piso que temos por enquanto kkkkkk) e privados dos direitos garantidos pela Lei Federal 11.7380, a Lei do Piso. É bom ressaltar aqui: a turma de Carandaí jamais perde o bom humor, mesmo numa situação como essa, desgastante e humilhante.
Ficou definido que, a partir daquele momento, estaríamos em vigília na ALMG. Robertinho, Michelângelo, Robson, Magna, Janíria e eu, nos escalamos para ficar. Outros colegas não puderam ficar, mas sabemos que em suas orações eles estiveram conosco o tempo todo. Posso dizer que formamos uma família. Não sei precisar a hora, sei que já era noite, talvez por volta da 19h, fomos chamados para o pátio da ALMG e desobstruímos as saídas
Já havíamos combinado quem ficaria e achávamos que nossas colegas já estavam na estrada, a caminho de casa, quando nos surpreendemos com a volta de alguns companheiros, preocupados conosco, não achando justa a ideia de somente alguns permanecerem ali, passando por privações. Ficamos comovidos, mas tranquilos em orientá-los a irem  sem culpas, pois sabíamos das necessidades e compromissos inadiáveis de cada um.
Aos poucos chegaram algumas barracas e colchonetes, mas não em número suficiente para todos. A turma da Zona da Mata, formada por cerca de 12 pessoas, recebeu apenas uma barraca e alguns poucos colchonetes, mas tudo bem: em situação de "guerra", tudo isso é luxo. Pouco depois, distribuíram um ticket para o jantar, que seria servido por volta das 21 horas. Como eram muitas pessoas, não deram conta de servir a todos. Ficamos nós de Carandaí e mais um bocado de gente, aguardando a chegada da segunda remessa das "quentinhas", o que ocorreu por volta de meia-noite e vinte. Nosso cardápio: arroz, feijão, macarrão e bife de frango. 
Após o jantar, nosso amigo Robson sugeriu que saíssemos entrevistando alguns companheiros de vigília e que postássemos aqui no blog o resumo dessas conversas. Não tínhamos filmadora, mas pegamos papel e caneta, uma câmera fotográfica e fomos ao diálogo: Robson como repórter, eu como fotógrafa. Colhemos relatos interessantes que, em breve, postaremos aqui. 
Confesso que não consegui dormir um minuto sequer, mas a noite passou tranquila, e rapidamente pudemos contemplar o nascer do Sol, sentados nas escadarias em frente ao pátio da Assembleia. Pela manhã, fomos novamente para os nossos postos, agora para impedir a entrada dos deputados e cobrar deles uma posição favorável a nós. Estávamos na nossa "trincheira", quando recebemos a notícia de que a tropa de choque havia chegado e queria retirar à força os companheiros que barravam a entrada da garagem principal da Assembleia. Corri para lá. A situação estava tensa. Lá já se encontravam a companheira Magna - dialogando com o comandante  e com o repórter da Record(ver vídeo número2), como uma verdadeira líder sindical - e o Robson, que retornou ao nosso posto e falou aos companheiros sobre o que estava ocorrendo. Pouco depois, chegou o colega Robertinho, imbuído de um espírito de proteção e solidariedade a essa "pequena e louca" professora, que insistira em ficar lá, já se preparando para receber gás de pimenta, paulada e tudo mais.
Todos sentados no chão, insistindo em lá permanecer, até que alguém nos ouvisse. Funcionários chegando, deputados, todos "presos" do lado de fora. O comandante nervoso, exigindo que saíssemos, senão usaria a força. E nós ali, insistindo em permanecer. Dez minutos foi o prazo que uma líder sindical conseguiu com o comandante para sairmos ou sermos retirados. A tensão foi tomando conta, companheiros chorando, mas firmes. De mãos dadas, sentados no chão, cantamos o Hino Nacional e a música "Anjos da guarda", da Leci Brandão. Enquanto isso, uma negociação acontecia, com o objetivo de marcar uma reunião entre representantes do Sindicato e o Presidente da Assembleia, Dinis Pinheiro, da base governista. Os soldados estavam perfilados, sérios, prontos a executarem a ordem, mesmo não concordando com ela. Num dado momento, o comandante da ação "repressão aos professores", que se mostrara nervoso no início, mudou completamente de atitude ao reconhecer, entre nós, um irmão maçom. As negociações e o tempo avançavam, a tensão cada vez maior, até o momento em que se conseguiu marcar a reunião, para dali a meia hora. Saímos então da frente da garagem. 
Confesso que tive medo, mas não fui vencida por ele. Durante o tempo em que lá estávamos, pensei em meu filho, meu esposo, meus amigos... Mas a vontade de ter um Brasil rico para TODOS falou mais alto, ficou "gritando" dentro de mim. A vontade de ter um País verdadeiramente livre para TODOS me fez permanecer até o fim.
Com o resultado de ações como essa é que temos conseguido alguns avanços. Pode não parecer nada, mas só o fato da Lei de aprimoramento do subsídio ainda não ter sido aprovada (e esperamos nunca seja), já é um pequeno ganho. O Projeto de Lei 2.355/2011, embora o governador tivesse "ordenado" sua votação em caráter de urgência, foi retirado de pauta e só deve voltar ao Plenário na próxima terça-feira. 
Outras manifestações ocorreram durante a manhã, inclusive a "Xepa do professor", numa das entradas da Assembleia. Sentados e acorrentados, servidores da Educação ofereciam um professor, ao preço único de R$712,20 e pagamento para janeiro de 2012. Ofereciam professores de todas as áreas, com Magistério, Licenciatura Curta, Plena, Mestrado e Doutorado, tudo a "preço de banana". E faziam um alerta: ainda há alguns, mas está acabando, entrando "em extinção". É bom frisar que eles falavam de PROFESSORES, não de "dadores de aula"! Esse pessoal é mesmo criativo...
Por volta de meio-dia, fomos almoçar num restaurante "baratinho", devido à escassez de nosso recursos. Ficou combinado que retornaríamos de carona com o pessoal de Juiz de Fora. Só que eles ficaram aguardando a refeição gratuita oferecida pelo Sindicato e essa refeição nunca chegava... Por volta das 16h30min, desistiram de esperar, mas quando a van fazia o contorno da Praça da Assembleia, o almoço chegou. Um dos companheiros de Juiz de Fora voltou para buscar as "quentinhas", que eles comeram na parada feita em um posto de gasolina, na saída de BH. Isso já por volta das 17 horas. A caminho de casa, pedimos ao nosso companheiro Michelângelo que convidasse os demais a fazermos juntos uma oração, pedindo a proteção Divina. É claro que não faltou a invocação a São Jorge, conhecida somente por aqueles que vão no nosso ônibus às assembleias em BH. Às 19 horas chegamos em Carandaí e ainda tivemos, Janíria, Magna e eu, que caminharmos um pouquinho até nossos lares, pois o motorista nos deixou no trevo de saída para Barbacena. O professor Robertinho viera um pouco   mais cedo, pois tinha compromissos inadiáveis.  
Estão vendo como vida de professor grevista é dureza? 
Bem, pessoal, se fosse contar tudo, daria um livro... Por hora, fico por aqui. Mas quero registrar, em maiúsculas, valores que buscarei levar para a vida toda, a partir dessa experiência única: SOLIDARIEDADE, CIDADANIA, CORAGEM, PERSEVERANÇA, JUSTIÇA, ÉTICA, DESAPEGO...


Manifestação durante a Assembleia do dia 20/09/2011

 Vídeos do programa Balanço Geral, da Record

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

"Dizem que sou louco por pensar assim..."

Chegando agora há pouco de BH, depois de termos ficado em vigília na ALMG, durante toda a noite de ontem e parte do dia de hoje. Vivi (vivemos) uma experiência inesquecível, que amanhã relatarei com mais detalhes a vocês, companheiros de luta! Ficamos sensibilizados com a demonstração de carinho daqueles que não puderam lá ficar, mas que durante todo o dia de hoje nos telefonaram para saber como estávamos e como havíamos passado a noite. 
Por hora, postarei algumas fotos para vocês terem uma ideia do que foi a nossa Assembleia, a vigília e a "volta à ditadura". Sobrevivemos, sem um arranhão. Mas temos história pra contar...

Margarida, Euler (do Blog),Rute, Janice
Magna, Beth, Ana, Solange e Janíria - alguns dos professores ODR (Ossos Duros de Roer)





Assembleia 20/09/2011

 Padre Gilvander - momento de oração


"Os acorrentados", ao som da música "Eu só peço a Deus"
 Nesta noite, literalmente, tivemos o PISO!!! Mas só para dormir...
 Alguns companheiros em vigília
 Que coisa mais linda!
 Sem comentários...
 Soldados se preparando para a "repressão"